Desde muito cedo já nos primeiros
contatos com o mundo, os sujeitos começam a ler. Percebem o calor provocado
pelo aconchego dos braços dos pais, ficam irritados quando há luz excessiva ou
assustados quando são acordados com um grito. Assim começam a compreender e dar
sentido ao que e a quem os cercam. Este aprendizado é natural, porém complexo,
pois o sujeito para compreender um texto se utiliza do que ele já sabe, ou
seja, o conhecimento adquirido ao longo da sua vida.
Isso significa que para aprender a ler o sujeito não envolve
nenhuma atividade que já não tenha exercitado para entender a linguagem. É
através da interação de diversos níveis de conhecimento, como o lingüístico que
faz com que falamos português como falantes nativos, passando pelo conhecimento
de vocabulário, regras e uso da língua; o textual que é conhecimento de
estruturas e tipos de discursos de textos; e o de mundo adquirido a partir das
experiências vividas; que o sujeito consegue construir um sentido para o texto
e efetivar a leitura.
Existem algumas concepções sobre leitura, porém a grosso modo
podem ser sistematizadas em duas: a primeira como decodificação mecânica de
signos lingüísticos, por meio de aprendizado estabelecido a partir do
condicionamento estímulo-resposta na perspectiva behaviorista-skinneriana, e a segunda
como processo de compreensão abrangente, cuja dinâmica envolve
componentes sensoriais, emocionais, intelectuais, fisiológicos, neurológicos,
tanto quanto culturais, econômicos e políticos na perspectiva cognitivo-sociológica.
A leitura de um sujeito no inicio da alfabetização é
diferenciada no sentido em que ele está fazendo correspondência entre o som e a
palavra, ou seja, decodificação do código escrito e por isso lê vagarosamente,
porém nem por isso, apenas passa o olho por cima das palavras e não compreende
nada e sim guiados por seus conhecimentos prévios e suas hipóteses de leitura os
sujeitos dão sentido ao texto lido.
Dessa forma fica evidente que para aprender a ler a linguagem
escrita ela deve ter sentido e utilidade, para que o leitor estabeleça
inter-relações com o texto, ou
seja, como Kleiman (2000) menciona, “ao
invés de ir pensando com o autor como fazemos com a fala, quando até suprimimos
a palavra que o nosso interlocutor tem na ponta da língua, o leitor fica ensimesmado em seus próprios pensamentos,
escutando apenas uma voz interior, e depois atribui ao autor informações e
opiniões consistentes com suas crenças e conclusões, apesar de um texto apresentar elementos formais que
não permitam”.
Neste movimento o
autor detém a palavra e o leitor deve acreditar que o autor tem algo
interessante a dizer no texto. A
produção de sentido do leitor em relação ao texto vai depender dos
conhecimentos prévios como já foi enfatizado no corrente texto, e também de sua
capacidade de fazer o texto lido dialogar com outros textos internos, conforme
citação acima, todo texto falado ou escrito, supõe uma interlocução entre quem
o produz e quem o interpreta.
A leitura não é só uma prática escolar, mas uma forma de
interação com a sociedade, de compreensão das atividades humanas, e também uma
caminho de possibilidade de transformação pessoal e social. Pois, através da
leitura resgata-se e estimula-se a expressão natural, espontânea e inventiva de
cada sujeito.
As diversidades de obras podem estimular o gosto e o hábito
da leitura, todavia é fundamental que o sujeito tenha margem de escolha em
relação ao que deseja ler. Principalmente na alfabetização este respeito deve
ser garantido, evidenciando motivações interna, preferências e ritmos de
leitura.
A leitura traz consideráveis benefícios ao sujeitos leitores,
pois, acabam desenvolvendo objetivos pessoais e construindo sua identidade a
partir dos textos lidos. Além disso descobrem vantagens oportunizadas pela
leitura como: compreender o uso da linguagem nas atividades humanas,
perceberem-se como leitores e escritores, constatam que todo processo de
ensino/aprendizagem se dá na linguagem e pela linguagem.
Referências
Bibliográficas:
KLEIMAN. Â. Texto
e leitor: aspectos cognitivos da leitura. Campinas. Pontes, 1989
MARTINS, M. H. O
que é Leitura. 19.ed. São Paulo:
Brasiliense, 1994
(Autora: Jaqueline Medeiros)
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